domingo, 18 de dezembro de 2011

Calma depois da Tempestade





Ao som do mar, caminho
Caminho solenemente pela espuma salgada que lambe a areia e logo se desfaz




A chuva foi pesada
As nuvens negras ainda podem ser vistas daqui
O que você vê?


Você vê o que foi levado, lavado, tragado pela água?
Você vê o que foi queimado e usurpado pelos raios?
Você vê o que foi distorcido pela sombra?
Você vê o que secou em meio à enxurrada?


Sim, eu também vejo...


Por que pergunto?


Porque quero ter certeza de que foi tudo real
O vento frio e cortante
Tudo tão distante agora
Mas tão próximo ainda


Não entende?


Não se entende mesmo...
Se sente


Quero saber que sofri
Quero ter certeza de que doeu
E, principalmente, de que foi real


Quero provar para mim mesmo que estive lá
E ver tudo aquilo que pude ter
E que agora tenho


Por que, você pergunta?
Você pergunta tanto, pessoa...


Porque hoje estou aqui
Sinto mais do que nunca
Respiro um ar que invade minha alma de conforto


Curado?
É, talvez essa seja a palavra
Não, não acho...
Mudado... isso sim...


Mais forte
Mais resistente
Mais sensível
Mais aceito por mim


Mais eu


Sente?
Sente a luz pulsando em mim, apesar do passado de angústia?
Sente o calor de ser vivo?
Eu vivo
Em mim, sobre a Terra, com você e com todos os outros


E por que não hei de ser feliz?
É, não há resposta para essa pergunta...


Completo como nunca
Pleno como a luz
Leve como o vento
Fluido como o oceano
Sem limites como sempre


Vamos viver...
Mais uma vez.



E as nuvens finalmente se esparsaram nos céus...