sábado, 3 de abril de 2010

Martírio

"O mundo me olha e eu morro. A dor é impéria, e meus pensamentos francos se dissolvem pela página"

Não me olhe. Eu tenho vergonha. Não. Eu pedi. Não olhe. Não me toque. Eu me desfaço. Eu sou feio. Eu sou repugnante. Você não quer me ver. Você não pode me ver. Não. Não faça isso! Não... Você não entende. Eu sou aberrante. Não sinta. Não queira.

Eu choro...

Gothic Sanctuary



Por tanto procurei...


Por tanto vaguei, diáfano, por cada sombra, espalhando uma luz pálida, fria e fraca por onde passava. Como que em busca de um corpo para mim.


Corpo, ora, que eu achava que havia achado. Ilusão. Fogo ardente e pungente. A faca fria e escaldante da realidade e a sensação da carne abrindo-se em fibras. Veios de dor.


Meu Deus, dá-me uma estrela dos céus! Quem sabe aprenderei seu brilho e cintilaremos harmonicamente pelos céus, iluminando o breu incauto da noite. O céu...


E assim achei o que tanto procurei, finalmente! Celebração! Agora brindarei a doce felicidade!


Ou brindaria antes de chegar a inesperada chuva da tristeza. Tristeza irracional... Sim?


Meu âmago reage ao novo brilho com força, todavia algo o impede de crescer. Uma angústia. Angústia constante, de caráter regressivo. Estará tudo acabado àquela altura? Não sei...


Só sei que não entendo.


Tristeza...


Núcleo rígido e escuro de um olhar sem vida. Expectativa de um amanhecer que nunca virá. Alma oceânica de latência. A densa floresta suplicante.


O universo da incompreensão assusta, entretanto surpreende. Um ser que se incompreende, espera de si. Contudo, há esperas que estão fadadas a durar enquanto os pilares do destino ainda estiverem erguidos. Tenho medo de esperar com eles pelo meu tão esperado alimento. Sim, tudo isso apenas para me alimentar... Enquanto isso, sinto minhas costelas, ó, logo as costelas, furarem meu peito fraco, enquanto liberto-me de mim mesmo.


Tenho medo do que o destino reserva a mim, mais tenho mais medo do que eu guardo internamente. Não quero perder essa oportunidade tão rara... Não quero mais estar sozinho...

Desde o início, especial, raro, único... Único. Uno. Um. Singular. Solitário. Eterna solidão, avisto o teu fim... Não deixarei passar, dessa vez será para sempre.


Enquanto isso, a angústia marcará meus pulsos e meus olhos. Minha mente congelada luta... E vencerei, pois agora tenho o que preciso.



Mas a tristeza permanece... E eu vago pelo mundo...

Espero nunca perder a chave da Porta para a Luz, meu único caminho. Há muitos mundos. Mas eles compartilham o mesmo céu...

E foi assim que nos conhecemos, nessa situação de estranheza. Eu e eu mesmo. E a entidade. Foi também assim que descobri que havia um deus a mais na minha história. E, assim, foi tudo corrigido, afinal, não se pode ter dois pais.

Enfim, peço que me compreendam e que me desentendam. A Via Purifico de minha alma inicia-se agora. Não, tu não entenderás, mas alguém irá relembrar os fatos da trama. Alguém.

Dentre as oliveiras, pensando, derramando angústia. não mais leia, já chega. Não entre, não me pergunte. Simplesmente não é assim.


Reze o rosário de lágrimas e mergulhe no afogamento. Na insuficiência, só para depois descobrir que nunca nada daquilo existiu. Você existe, mas eu entendo. E pare com isso. Deixe que as flores de cerejeiras toquem teu corpo, não te importas.

Teu egoísmo é tão inconsciente, que me rouba a atenção. Segure a minha mão e nós iremos viver.

Pelo mundo...

O FOGO DAS HORAS E O CHEIRO DA PRESENÇA