
Seres coletivos e, ao mesmo tempo tão individualizados... Há solidão maior do que estar sozinho em meio a uma multidão!? São poucos aqueles que realmente se importam. São muitos os ouros-de-tolo que nos ofuscam em demasia com sua fria rutilância. A espira da vida nos dá e nos toma, contudo há entidades que permanecem conosco até as últimas linhas da Existência.
Escrevo hoje para falar sobre uma dessas entidades...
Ao cair da última gota triste do outono, vêm eles a nos aquecer, a nos proteger do inverno de sentimentos que nos rodeiam. Eles nos trazem o frescor da primavera e nos fazem sentir seu calor gentil de verão. As areias do destino fluem, mas nunca sentimos a força gravitacional do tempo, enquato há estas forças para nos equilibrarem vetorialmente.
A noite de solitude e o dia de clamores. Abre-se o abismo do desespero, corre o vento pútrido da morte, o sangue vem à boca, ferrosamente. Eis que surge a ninfa d'água a mostrar um caminho de cristal. Cristal multifacetado da vida. Caminho do pôr-do-sol. Sol, a estrela-guia. Ou seria a ninfa?
Oceano de almas a nos acariciar. Chamas uivantes que lambem febrilmente os pés. Cavalo indócil de difícil doma. De repente, tudo se desfaz e um novo universo será criado. Criado pelas mãos hábeis de um anjo canoro, de asas de prata. O anjo que acalenta, o anjo que enxuga. Penas de flores, pétalas de aves, sentimentos correm soltos pelo recinto e você procura a superfície.
"Ele chegou à praia à qual tanto sonhara retornar. Depois de nadar impaciente, chega às areias finas e mornas, e lá estão eles à sua espera..."
Sonhos sem sentido, poesia interminável. Tudo matéria de seu destino. Tudo medo de seu íntimo. Oh, não conseguirás... Não, senão estiveres com eles... Tu és fraco em tua condição natural, mas com eles...
Não importa se terás que enfrentar caminhos tortuosos e pessoas doentias. Não importa se passarás horas a fio sentado, consumindo a precisão ígnea de teus olhos sobre cálculos e mais cálculos. Não importa se irás embora para um destino incerto. Não importa se irás te chocar contra uma revoada de dragões.
Enquanto estiveres com eles, terás a ti. E a eles. As estações, a ninfa, o anjo, não importa o que eles sejam. Concentra-te em quem eles são. Em quem vós sois. Na naturalidade do toque quente e acalentador, no verdume da alma, tenra e repleta de força coletiva, no íntimo de sentimentos puros e indistintos, no limite do que deixa de ser plural para ser uno. Na força do ser e na plenitude da alma. Acredita... Sê...
Que eles estejam sempre à tua emoção: Os teus Amigos!