segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vórtice





Abrindo um vórtice no tempo-espaço do blog pra fazer comentários sobre algo que não saiu da minha cabeça...

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Há algumas semanas, escutei pela primeira vez a música Born This Way, da tão conhecida Lady GaGa. Achei genial a proposta explícita da letra da música, mas fiquei curioso por entender o que a moça dizia na historinha do clipe. Como, mesmo lendo, eu não entendi nada, fui procurar sites em que houvesse gente falando a respeito dos significados dessa história e do clipe como um todo. É aí que começam os pensamentos.


Vi muita gente relacionando as inúmeras mensagens subliminares de Born This Way aos Illuminati, um suposto grupo de pessoas que controla os caminhos da humanidade desde o século XVIII, inclusive sendo a ele atribuído o estabelecimento da Nova Ordem Mundial. Não faltaram pessoas dizendo que GaGa fala pelos "iluminados" ao contar uma história sobre o nascimento de uma nova raça com desígnios supostamente predefinidos e massificada - como que se referindo à sociedade da Nova Ordem Mundial. Desde então, uma verdadeira guerra entre fãs da Lady GaGa e os responsáveis pro essas exposições e simpatizantes se iniciou.


Ok, vamos lá:


Talvez o grande tema aqui se chame "Liberdade". O explícito do texto da música é "seja quem você realmente é, não importa o que pensem de você". Acho que eu já poderia encerrar a postagem aqui, mas ainda quero comentar mais. Ok, a sociedade atual realmente é massificada e muito bem programada pra seguir desígnios predefinidos. A indústria pop promove artistas com alto poder de persuasão para tirar o máximo de dinheiro possível do grupo com o maior potencial de consumo existente: os jovens. Lady GaGa não é exceção com músicas que chocam e incitam a pessoas a serem quem são, assim como Madonna fez. Vamos à raiz disso.


Nossos adolescentes são, ao meu ver, seres emocionalmente estragados e instáveis, ou pelo menos a maioria. Saímos a pouco mais de 100 (ou 50 ou o que preferir usar como referência) anos de uma sociedade parnasiana, cheia de rigores e regras, para uma sociedade liberal, aparentemente sem rigores e regras. Mudamos muito em pouquíssimo tempo. A sociedade parnasiana impunha regras e rigores com o objetivo claro da perfeição. A humanidade chegaria a um estado de "evolução" da qual não mais sairia e na qual seria perfeita. Erros não eram admitidos. Essa forma de pensar começou a declinar tão logo as pessoas foram vendo que a perfeição jamais seria atingida, até mesmo devido à nossa própria natureza imperfeita. Erros são parte do aprendizado e a repressão só torna as pessoas mais degeneradas, deprimidas e amarguradas. E nisso o capital viu uma grande força lucromotriz para os seus interesses, jogando uma considerável chama na mina de explosivos que era a população antiparnasiana da época. A explosão foi grande. Semanas de arte dadaísta, pessoas tirando a roupa, guerras civis e a primeira minissaia. Entramos numa sociedade onde o bonito é o sem regras, é a confusão, máxima liberdade. Cada vez mais pessoas morrem vítimas da liberdade. Outras muitas adoecem, perdem a razão e sofrem. Estamo numa tendência clara ao caos, ou só eu acho isso? Mentira: eu não acho isso...


Nascemos em 80, 90, 2000 e encontramos o mundo nesse estado. E voltamos aos adolescentes e entendemos o motivos da instabilidade: confusão, muita informação ao mesmo tempo, alterações no nosso desenvolvimento mental (?). E de um lado temos os que apoiam a liberdade máxima, enquanto do outro temos os que querem resgatar antigos valores, além de intermediários e etc. E esse é o grande problema: antes só havia sal, de repente nasceu a água, mas um dia o sal remanescente se revoltou, a água se revoltou e ambos se misturaram numa terrível luta. Alguém pode me dizer quem é água e quem é sal agora? Não, ninguém diz, todo mundo acusa.


E temos a GaGa here again. A GaGa faz sucesso com sua quebra de costumes. Os jovens apresentam as mais diferentes reações possíveis, mas, geralmente, sem pensar muito, aderem a ela. Outros pensam muito e aderem. Outros tantos fazem tantas outras coisas, as quais não preciso citar.


FIM DA HISTÓRIA/INÍCIO DE MIM


Agora vamos ao que eu acho. Branco nasceu branco, oriental nasceu oriental, negro nasceu negro e até aprimoramos a engenharia genética e nos tornarmos mais eugênicos, isso não vai mudar. E gay nasceu gay, lésbica nasceu lésbica. Católicos, judeus, ateus, muçulmanos, nenhum nasceu assim, mas heteroafetivos e homoafetivos sim. E a maior força sofrimentomotora é a não aceitação. E o mais incomum disso tudo é ver o mundo aceitando a guerra, a fome, o abandono e o próprio sofrimento. A ironia é a figura mais triste dos nossos costumes. E a repressão é a pólvora mais potente que se pode fazer.


E vem uma música como Born This Way, altamente lucromotora, que funciona segundo à equação da conversão da energia liberada pela explosão da pólvora em dinheiro. É uma imensa transferência coletiva de poderes, mas deixemos isso pra outra conversa. Aparentemente, é algo natural de se acontecer na nossa sociedade, mas algo está fora do lugar.


As pessoas só enxergam um lado das coisas: o bom ou o mau. Se gays, negros, orientais, lésbicas e outros nascem assim, é natural e claro que assim devem ser, a natureza, dona de qualquer uma de nossas referências, determinou, assim será. Do contrário nascerá o sofrimento, a dor, a revolta da própria natureza dentro de cada ser reprimido. Parece que a GaGa acertou nisso, não foi?


Agora vamos supor que a GaGa seja um demônio Illuminati que prenuncia a Nova Era, o Anticristo e tudo de ruim que pode vir a ocorrer no mundo. Ok, ela realmente é má e deve ser afastada de todos nós o mais rápido possível.


Mas no meu Universo isso não importa. O que salva é o que nos une, não tenho medo das revoltas cataclísmicas de religião nenhuma e antes que me acusem de sacrilégio, eu devo avisá-los de que isso acontece com qualquer um que realmente acredite em suas crenças e em si mesmo. Não quero que ninguém acredite no mesmo que eu e respeito outras formas de pensar, mas eu tenho o direito de expor a forma como eu vejo o mundo.


O que importa pra mim é a mensagem de libertação. Não confundir, por favor, com liberdade máxima. Na minha opinião, as liberdades máxima e mínima são iguais, ambas nos prendem a comportamentos degenerativos.


Vamos ser felizes, vamos deixar de nos deter a detalhes sem significância. Não digo que esses detalhes não tenham um significado real, porqu, sabe, e se tiverem? O que vai mudar em nossas vidas e em nosso coração? Vamos deixar de ouvir Lady GaGa porque ela quer nos manipular. Ok, vá em frente, mas não se esqueça de que TUDO é uma manipulação. Seus amigos, por exemplo, com certeza são uma arma manipulatória bem mais perigosa.


Ok, e por que eu falei tudo isso? Pra defender uma cantora pop? Me revolta a falta de amor que há nesse mundo. Amor à própria vida. É que a essa gente que faz questão de estragar a própria vida injetando cada vez mais discórdia no planeta, como se já não bastasse a discórdia endógena desse pobre planeta, realmente me revolta. Quando surgirem mais daqueles que compreendem a simples, mas difícil equação de que quanto mais amor se coloca no mundo, mais feliz se é, pode ser que eu pare de postar relacionando a história do planeta do século XVIII pra cá, a Lady GaGa e eu mesmo.


E pros que conseguiram ler isso tudo e estão prontos a responder minha postagens contaminados por discórdia, façam-me um favor. Aproveitem sua especialidade em procurar mensagens subliminares em clipes de cantoras pop e procurem mensagens subliminares nesse meu texto. Garanto que aqui vocês vão achar muitas delas.

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Fechando essa distorção espaço-temporal, só queria pedir desculpa àqueles que esperavam algo mais feliz ou poético. A minha expressão é altamente variável mesmo, me desculpem por não poder satisfazer sua sede por textos felizes e poéticos... Mas continuem tendo esperança que logo logo vou ser feliz e poético mais vezes e me inspirarei pra escrever nesses momentos! Espero ter feito alguma diferença no seu tempo.

4 comentários:

  1. Gabrieell..agora fiquei com medo de ti.!heheheh

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  2. Muito bom o texto! Pensei tratar-se de uma resenha, só que as nuances literárias, o espírito mais-do-que-crítico pelo qual você tece cada período é de impressionar. Parabéns, Dr. JG.

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  3. Sabe quando você se identifica tanto com uma visão que não sabe como comentar? Pois então. Em uma era em que todos são julgados tão severamente por sexualidade, religião ou etnia, é bom ver que nem todos se limitam a interpretar um clipe com tanto significado (começando pela trilha sonora de Bernard Herrmann, Vertigo, ao início, cuja utilização foi linda) como lavagem cerebral illuminati ou expansão da ditadura midiática gay. Aplausos, Mr. :)

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  4. Gosto do seu jeito de escrever =) seja algo crítico, poético ou o que for ^^ (então nada de se desculpar!)
    Em todos seus textos sinto essa vontade tão forte de viver, de ser feliz... quero dizer que você pode contar comigo! =) Sempre que for pra rir, me convide também ^^ é uma pena, de fato, que haja tantas pessoas tristes e cheias de ódio/preconceito no mundo, mas não podemos mudar isso. Podemos ser diferentes, e procurar viver de uma maneira que nos faça bem =)
    as vezes fico preocupada com você, preocupada em você ficar triste e acabar naquela massa amorfa de pessoas infelizes. Alguns de seus textos te revelam mais melancólico, outros mais feliz. Gostei quando vi (acho que no texto de baixo, que comentei) uma carinha sorrindo ":]" x3 não se preocupe, Gabe. Temos força para sermos muuuuito felizes =) e ainda temos muitas risadas para dar (principalmente depois que você der a primeira XDDD)
    Sua fã,

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